Um texto dedicado às meninas sensíveis (sim, eu também tenho um lado romântico... e dramático).A chuva gelada caia em gotas grossas, formando lagos onde o seu reflexo lhe parecia ainda mais detestável. O vento uivava, trazendo consigo a desgraça da sua existência. Um cheiro a terra molhada pairava no ar.
Levantou-se, encharcado, da pedra fria e rugosa. Jorros de água caiam do capuz do casaco para depois recolherem as lágrimas na face. Parecia que ainda sentia o toque das mãos dela na nuca enquanto se beijavam, enquanto se perdiam naquele longo e apaixonante momento.
Expectativas que se tornaram numa ilusão; beijos que, afinal, não eram momentos apaixonantes... Ilusões... É incrível como nos podemos deixar enganar pelo amor, fascinante como nos pode destruir a alma de um momento para o outro! Beijos, e depois, nada!
Caminhou com passos lentos e pesados em direcção ao muro baixo de onde podia ver toda a cidade, ignorando o barulho confuso e irritante dos carros lá em baixo; as buzinas reclamando por motivos absurdos e as pessoas atropelando-se na azáfama de fugir da chuva.
As vozes que o chamavam para o esquecimento tornavam-se mais intensas, mas os factos não se podem ignorar. Esquecer seria desprezar, considerar que aquilo nunca tinha acontecido. Mas tinha acontecido, e isso não iria mudar. Seria cobarde reprimir esses sentimentos para fugir do sofrimento; o choro e a dor faziam-no sentir-se bem, porque lhe davam uma sensação de vida, a certeza de que ainda existia e era capaz de sentir. Sentir a dor, já que o toque dela desaparecera.
Na verdade, ela evaporara-se da sua vida sem aviso nem motivo, de um momento para o outro. E com ela a vontade de viver, a vontade amar. Tudo o que ele queria era amá-la, senti-la, ouvir e dizer palavras de amor e carinho num sussurro quente e intímo. Mas a realidade era que, inconscientemente e sem saber porquê, ele já suspeitava que aqueles momentos pudessem estar a chegar ao fim, embora todas as suspeitas não o tivessem preparado para aquela separação, tão rápida e repentina.
Parecia que ainda sentia os seus braços envolvê-lo naquele dia frio e chuvoso em que tudo começou, um dia como aquele em que lamentava o fim. E o desejo do calor dos seus abraços ainda consumia o seu ser. Aqueles beijos que o faziam mergulhar na imensidão da felicidade, porque quando os lábios dela tocavam os dele, o resto desaparecia e ficavam só eles, envoltos num preguiçoso afecto de adolescentes.
Abriu os braços num desespero irreflectido, deixando as gotas rebolar-lhe pela face petrificada e lívida. Já não queria existir, só desejava que as lágrimas que soltava o fizessem desaparecer de uma vez; queria sair daquele mundo repleto de desilusões e de pessoas para quem a solução para todos os males era o esquecimento. Onde ficara o esforço, o lutar por aquilo que queremos? Provavelmente fechado num cofre escuro, enterrado nas areias do... esquecimento!
Acabavam assim os finais de tarde num café, num canto acolhedor trocando beijos, abraços, palavras de amor, olhares provocadores... E terminavam também as mensagens com promessas de amor eterno e com um utópico “és tudo para mim”. Enfim, assim acabavam os momentos deliciosos daquela paixão que o fazia continuar. Com ela a seu lado, acordar cedo para ir para as aulas nem parecia tão mau; mas agora estava novamente preso nas leis entediantes da mesma rotina.
Teria aquilo significado alguma coisa para ela? Teriam aqueles momentos sido tão deliciosos para ela como haviam sido para ele? Muito provavelmente a resposta era não. E por isso a sua dor era ainda maior; tinha, no fim de contas, sido usado, depois de todas aquelas cartas e mensagens, depois de todas aquelas tardes e, principamente, depois de todas aquelas promessas, que afinal não passavam de simples textos vazios, isentos de qualquer significado, redigidos pelo simples capricho de manter uma relação oportuna. Divagações da sua mente, talvez... Ou talvez não... A verdade foi que ela não teve problemas em encontrar outro amor, e pouco tempo depois lá estava ela, a prometer mais paixão que não tinha para oferecer...
Inevitavelmente, a raiva poderou-se dele, e o amor que sentia por ela deu lugar ao ódio. Ele tinha-se agarrado com tanta força àquele romance de jovens apaixonados, depositado tanto de si naquela relação prometedora; e ela partia-lhe simplesmente o coração... O amor pode ser verdadeiramente ascoroso!
Os seus ombros estavam pesados e doridos assim que despertou daquele momento em que as recordações e os pensamentos lhe passeavam na mente. Os nós dos dedos pareciam ter-se transformado em pedra e o vento glaciar dava a sensação de estar a cortar a cara. Baixou então os braços, resignado. Pensou então em acabar de vez com todo aquele sofrimento; tão fácil como deixar que uma rajada mais forte de vento o atirasse para o fundo rochoso daquele pequeno precípicio; uma ideia absurda fruto dos delírios a que o amor pode sujeitar. O sol escondia-se, cobarde, atrás das densas nuvens negras. A cidade, cinzenta, tornava o momento ainda mais deprimente.
As recordações ficariam e ele nunca se esqueceria daquela paixão ardente de adolescentes perdidos numa esperança de romance eterno, nem tão pouco do coração despedaçado pela desilusão de um amor não correspondido. Ela podia gostar dele, mas decerto não o amava; ele, por outro lado, amara-a profundamente, adorara o seu toque suave, os seus beijos longos, as suas palvras de carinho. Amara. Já não amava, porque por muito grande que o sentimento fosse, nada justificaria aquela ilusão.
Levantou-se, encharcado, da pedra fria e rugosa. Jorros de água caiam do capuz do casaco para depois recolherem as lágrimas na face. Parecia que ainda sentia o toque das mãos dela na nuca enquanto se beijavam, enquanto se perdiam naquele longo e apaixonante momento.
Expectativas que se tornaram numa ilusão; beijos que, afinal, não eram momentos apaixonantes... Ilusões... É incrível como nos podemos deixar enganar pelo amor, fascinante como nos pode destruir a alma de um momento para o outro! Beijos, e depois, nada!
Caminhou com passos lentos e pesados em direcção ao muro baixo de onde podia ver toda a cidade, ignorando o barulho confuso e irritante dos carros lá em baixo; as buzinas reclamando por motivos absurdos e as pessoas atropelando-se na azáfama de fugir da chuva.
As vozes que o chamavam para o esquecimento tornavam-se mais intensas, mas os factos não se podem ignorar. Esquecer seria desprezar, considerar que aquilo nunca tinha acontecido. Mas tinha acontecido, e isso não iria mudar. Seria cobarde reprimir esses sentimentos para fugir do sofrimento; o choro e a dor faziam-no sentir-se bem, porque lhe davam uma sensação de vida, a certeza de que ainda existia e era capaz de sentir. Sentir a dor, já que o toque dela desaparecera.
Na verdade, ela evaporara-se da sua vida sem aviso nem motivo, de um momento para o outro. E com ela a vontade de viver, a vontade amar. Tudo o que ele queria era amá-la, senti-la, ouvir e dizer palavras de amor e carinho num sussurro quente e intímo. Mas a realidade era que, inconscientemente e sem saber porquê, ele já suspeitava que aqueles momentos pudessem estar a chegar ao fim, embora todas as suspeitas não o tivessem preparado para aquela separação, tão rápida e repentina.
Parecia que ainda sentia os seus braços envolvê-lo naquele dia frio e chuvoso em que tudo começou, um dia como aquele em que lamentava o fim. E o desejo do calor dos seus abraços ainda consumia o seu ser. Aqueles beijos que o faziam mergulhar na imensidão da felicidade, porque quando os lábios dela tocavam os dele, o resto desaparecia e ficavam só eles, envoltos num preguiçoso afecto de adolescentes.
Abriu os braços num desespero irreflectido, deixando as gotas rebolar-lhe pela face petrificada e lívida. Já não queria existir, só desejava que as lágrimas que soltava o fizessem desaparecer de uma vez; queria sair daquele mundo repleto de desilusões e de pessoas para quem a solução para todos os males era o esquecimento. Onde ficara o esforço, o lutar por aquilo que queremos? Provavelmente fechado num cofre escuro, enterrado nas areias do... esquecimento!
Acabavam assim os finais de tarde num café, num canto acolhedor trocando beijos, abraços, palavras de amor, olhares provocadores... E terminavam também as mensagens com promessas de amor eterno e com um utópico “és tudo para mim”. Enfim, assim acabavam os momentos deliciosos daquela paixão que o fazia continuar. Com ela a seu lado, acordar cedo para ir para as aulas nem parecia tão mau; mas agora estava novamente preso nas leis entediantes da mesma rotina.
Teria aquilo significado alguma coisa para ela? Teriam aqueles momentos sido tão deliciosos para ela como haviam sido para ele? Muito provavelmente a resposta era não. E por isso a sua dor era ainda maior; tinha, no fim de contas, sido usado, depois de todas aquelas cartas e mensagens, depois de todas aquelas tardes e, principamente, depois de todas aquelas promessas, que afinal não passavam de simples textos vazios, isentos de qualquer significado, redigidos pelo simples capricho de manter uma relação oportuna. Divagações da sua mente, talvez... Ou talvez não... A verdade foi que ela não teve problemas em encontrar outro amor, e pouco tempo depois lá estava ela, a prometer mais paixão que não tinha para oferecer...
Inevitavelmente, a raiva poderou-se dele, e o amor que sentia por ela deu lugar ao ódio. Ele tinha-se agarrado com tanta força àquele romance de jovens apaixonados, depositado tanto de si naquela relação prometedora; e ela partia-lhe simplesmente o coração... O amor pode ser verdadeiramente ascoroso!
Os seus ombros estavam pesados e doridos assim que despertou daquele momento em que as recordações e os pensamentos lhe passeavam na mente. Os nós dos dedos pareciam ter-se transformado em pedra e o vento glaciar dava a sensação de estar a cortar a cara. Baixou então os braços, resignado. Pensou então em acabar de vez com todo aquele sofrimento; tão fácil como deixar que uma rajada mais forte de vento o atirasse para o fundo rochoso daquele pequeno precípicio; uma ideia absurda fruto dos delírios a que o amor pode sujeitar. O sol escondia-se, cobarde, atrás das densas nuvens negras. A cidade, cinzenta, tornava o momento ainda mais deprimente.
As recordações ficariam e ele nunca se esqueceria daquela paixão ardente de adolescentes perdidos numa esperança de romance eterno, nem tão pouco do coração despedaçado pela desilusão de um amor não correspondido. Ela podia gostar dele, mas decerto não o amava; ele, por outro lado, amara-a profundamente, adorara o seu toque suave, os seus beijos longos, as suas palvras de carinho. Amara. Já não amava, porque por muito grande que o sentimento fosse, nada justificaria aquela ilusão.
Live la Vida Sofa!
El Sofa


